De Alberto Caieiro, "em Pessoa":

"Pensar incomoda como andar na chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais"

31/05/2012

Em consequência dos dias de hoje...

Indiscutivelmente há um tom cético ou desencantado no que escorre pelas linhas. Mas é o que depreendo do que vejo todos os dias (e noites), infelizmente... 

Viver
entre dois extremos
não define a verdade dialética
apenas impõe
o trânsito visceralmente sentido
a real capacidade de se adaptar -
em poucos minutos -
do dito inferno sabidamente construído
às penas da aparente falsa calmaria limbacenta.

Mais cruel é a pérfida, dura constatação
que quaisquer ambos os lados
caminham ao mesmo:
um ponto cegueiro e sem volta
da falta de consciência
da indiferença
mudez que não faz contestar.
da surdez para...
Aceitar!

25/05/2012

Consolidando (ou não??) divagações...

Cada passo em falso
é um risco fácil
de cair novamente
onde nunca se saiu.
Como cachorro atrás do rabo -
tautologia
e sofismos -, acendemos
a pira sagrada,
para onde ascendemos
à tão decantada
ignorância suavizada.

Mas perdemos a vez...
Seja ao abrir do primeiro livro,
estrear no erguer da mão,
desnaturalizar um pensamento,
barrar o senso comum:  com
qualquer disso,
perdemos a vez...

Perdemos a chance,
só para saber que,
na verdade,
não a queríamos.
E, na realidade,
apenas sonhamos com um retorno,
comprovando
o quanto somos infelizes -
e minimamente sensatos!

18/05/2012

Apenas para não deixar esfriar...

Reflexões

Diluindo, diluindo,
destilando meu desespero.

Acordo com os mesmos
reflexos no rosto,
luz da chama fraca e
dos medos que movem o moinho,
dos ventos que giram o destino e
dos dias que não acabam mais.

Derivados, derivados,
dependendo dos meus fracassos.

Repouso sem as cotidianas
marcas nas mãos,
tremor do frio intenso e
das certezas que paralisam o motor,
da calmaria que reproduz o dia-a-dia e
das noites que se encurtam mais.

Passo, passam,
vão, vou,
quem pára para pensar?
Ninguém quer ver
o que só os cegos não vêem
(será o pior cego aquele que não quer ver?)

Passei, passado,
cheguei, chegado,
não paro pra pensar e
não quero ver
o que os cegos não vêem
(serei o pior dos cegos?)

Claro ou escuro,
já não há mais diferença
quando a cegueira é espontânea,
reflexo de nossa omissão.

Reflexo do (no) meu rosto
todas as noites e manhãs.