De Alberto Caieiro, "em Pessoa":

"Pensar incomoda como andar na chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais"

03/12/2013

Resenha: Febre de bola (“Fever Pitch”), Nick Hornby

Eu realmente me desencantei com o futebol. Não tenho mais dúvidas. Ainda gosto de assistir, mas hoje me limito muito mais aos jogos do meu time e olha que, se tiver outra coisa pra fazer, não fico “batendo cartão” na frente da TV, não. A vantagem são as cervejinhas geladinhas e uns “biliscos” pra acompanhar (sou capaz de dizer que o futebol virou justificativa pra cerveja).
Por isso, apesar do quase apaixonado incentivo à leitura do livro pelo meu amigo Renê, meu prazer com a obra não foi tão grande quanto o dele, mas há motivos de sobra para isso: alguns, por quem ele é, pela história pessoal do sr. Guedes Pereira; e da minha parte, porque teria sido (este prazer) muito  maior há uns três anos atrás.
Tenho isso como certo.
Mas é difícil não se divertir, e muito, com a história do torcedor do Arsenal – o próprio Hornby, pois trata-se de um relato biográfico – que, em um quarto de década, desde os onze anos de idade até a confecção do livro, assistiu praticamente todos os jogos do time no Highbury, a “casa” dos gunners até a inauguração do “Emirates Stadium” em 2006, entre pais, madrasta, irmãos, namoradas, amigos, viagens, empregos, desilusões e depressões, sempre eles e os fatos pontuados pela, como ele afirma, obsessão pelo time. E a diversão não vem só pelo fato da narrativa abordar o mais popular esporte do mundo, mas porque Honby consegue fazer isso sem o rigor e tecnicismo jornalístico e ao mesmo tempo com tremenda habilidade para descrever lances, gols, falhas e enredos completos - incluindo os dramas - de uma partida de futebol.
Além de tudo, o muito bom livro liga de imediato a atenção de todos aqueles que efetivamente acompanham o futebol porque, muitas vezes, toca em assuntos que revelam problemas do futebol inglês nas décadas de 70, 80 e 90 que, acreditem, foram ou são idênticos a problemas que vivemos no futebol brasileiro. Como exemplos, podemos falar da construção de arenas ou a ampla modernização de estádios que os ingleses procederam a partir da segunda metade da década de 90, e que o Brasil só começou, por uma razão muito específica, nos últimos anos. Assim como nós, eles tinham  - e têm - estádios muito antigos, no caso deles centenários (não, não é força de expressão) e em péssimos estados; ou e dos problemas que os times e as torcidas tiveram quando a TV tomou conta do esporte e marcava, a seu bel prazer, horários estapafúrdios para os jogos; e nem vale apena se estender muito no óbvio, a violência das torcidas, tema que aliás é tratado com muito maior abrangência no ótimo livro do estadunidense Bill Buford, Entre Vândalos (“Among the thugs”), citado no próprio Febre de bola, aliás já lido e futuro tema de resenha, depois de uma releitura - de certa maneira, e creio que inconscientemente, o autor até mesmo cria um clima de suspensa para chegar no lamentável episódio de Hillsborough, deixando-nos aterrorizados ao evidenciar que a situação de Sheffield era comum em todos os estádios ingleses.

Desencantado com o esporte bretão, cansado de suas negociatas, indignado com tanto permeio de falta de caráter, irritado pela mercantilização e, consequentemente, tomado por uma “antipaixão” pelo futebol, eu me diverti demais com a leitura de Hornby  pois, se não é bobamente engraçada, certamente é muito bem humorada  -  não à toa, ele é o mesmo autor de Alta Fidelidade (“High Fidelity”), brilhantemente adaptado para o cinema num filme dirigido por Stephen Frears e estrelado pelo ótimo John Cusack - imagine só como se divertirão aqueles que ainda se rendem aos encantos do futebol! 

21/11/2013

RESENHA: "ON THE ROAD" (Jack Kerouac), leitura inédita.

Primeiro, falhei comprando o livro traduzido achando que era no inglês. Embora sempre tenha pensado que seria um desafio difícil lê-lo no original, ao longo do tempo tive oportunidade de ler em português, mas nunca quis. Há tempos decidi que leria em inglês, enfrentaria dicionário e pesquisa de expressões idiomáticas. Só faltava arrumar uma edição.
Mês passado, numa livraria, já com outros livros na mão, peguei "On the Road". Fui incapaz de perceber que embaixo, com letras menores poréms não mínimas, estava escrito "Na estrada".
Bom, o jeito foi lê-lo em português, mesmo.
Então, sim, demorei quase 40 anos (ou uns 25, desde quando despertou o interesse...) para ler esse livro, tido quase como sagrado, uma espécie de "Bíblia", o relato do acalentado sonho de uma geração e que moldou gerações seguintes.
É o que dizem.
Pois bem...
"On the road" é uma mentira.  Sal Paradise, o narrador, é um tolo infantil, incapaz de assumir qualquer responsabilidade perante a vida - só perderia para o seu grande amigo e parceiro de viagens, Dean Moriarty. Aquela história da "geração beat", que fica com o polegar estendido pedindo carona na estrada, é falsa -Você não entende o que foram os "beats", talvez somente mesmo a inspiração - o que talvez dê pra notar é que o comportamento "hippie", bem posterior, tem um temperinho que vem do livro. - Passa por incontáveis lugares e, exceção feita sempre aos mesmos ("Frisco", Denver, Nova York), é incapaz de colocar personagens descrevendo os diferentes pontos do gigantesco e continental país.  A narrativa, que destaca em tantos momentos o prazer de Dean em curtir as pessoas, "sacá-las", é contraditória em virtude de ele não ter respeito nem qualquer apego a qualquer pessoa. Pareceu-me uma espécie de misântropo, não que meramente se afasta, mas faz questão de usar quem encontrar pelo caminho. E, além de tudo, revela-se várias vezes uma obra tremendamente machista. Não especificamente na forma como as mulheres são retratadas, mas justamente na forma pela qual os dois amigos vêem e falam delas.
Que coisa... Será que li o livro com a idade errada? Não seria o único caso.


Mas, olha, deixa eu falar: é um grande livro! Ao mesmo tempo em que tem de tudo isso aí em cima, fala de música, de prazer, do usufruir da vida, da possibilidade de observar o mundo. Destaca a fantástica possibilidade de viver, conhecer, aprender, curtir, tendo muito pouco de seu, materialmente falando, e menos ainda no bolso. E, no fundo, termina mesmo é falando de uma grande amizade. ´Tá lá, em letras miúdas, nas entrelinhas, especialmente no final. Mas está lá...
E, ainda, tem a viagem pelo México. Trecho curto, mas que vale demais.


Eu recomendo.
Quem tem como e descolando em inglês, vai em frente, pega essa estrada; quem não consegue ou não dá jeito, pegue a tradução do Eduardo Bueno (a que li), que não sei se é brilhante, mas é muito palatável. 

18/11/2013

Recente, agosto de 2012:

O que viste, 
antes de sair
para esquecer?

Que perdeste,
após sorrir
pela vitória?

Do quê o cansaço
interminável, e 
mesmo assim 
a insistência pelo afago,
pelos olhos límpidos e
esta janela tão fartamente
clareada a sal e Sol,
desnudando a alma?

Esqueças a aflição,
Dias melhores, anos melhores - 
ou horas...
Virão.
Teus desejos, 
periodicamente renovados,
continuarão os mesmos.

E serão sempre eles
a te por em fuga do esquecimento,
e te satisfazer em aparentes vitórias.

14/11/2013

Meados de 1995...

MIL OBRAS

Posso escrever mil livros,
mil livros escreverei.
Posso escrever mil livros
com mil páginas cada.
E cada minhas mil páginas
registrará mil idéias,
em mil palavras
com milhares de letras,
embora eternamente eu seja um só.

Um só serei,
mesmo enquanto escrever mil livros.
Um livro só será minha vida,
mesmo com mil páginas e mil idéias
já que ela é uma única história.
E cada nova página
desse livro eternamente o mesmo
conterá as mesmas lágrimas,
as mesmas dores,
o mais intransponível receio de ficar só.

E não sei se serei só.
Porque meus
mil livros, com suas
mil personagens cada,
prometem fazer-me companhia

mesmo que delas eu jamais seja a companhia.

05/11/2013

BATAGUASSU

Essa tem até a "prova material":  medalha de Prata, crônica.



Vai "Ipsis litteris", com erros e tudo mais...



BATAGUASSU


Sábado, 3:00 h da madrugada. Num ônibus:
— Pessoal, vamos dar uma paradinha aqui para esticar as pernas, ir ao banheiro, comer alguma coisa... Falô? Por favor, fechem as janelas porque vão lavar o ônibus. A gente sai em quarenta e cinco minutos.
Toca descer do ônibus... Essa viagem não acaba mais!
Vamos ao banheiro, faz-se o que se precisa, lava-se  as mãos e... Onde enxugá-las? Na porta do banheiro, um senhor: chapéu e cigarro de palha, bem ao estilo sertanejo. É ele quem nos entrega toalhinhas de papel para enxugarmos as mãos. Espera pela "caixinha". Poucos contribuem.
Era, com  certeza,  alguém  de  muita  idade.  Barba  e cabelos completamente brancos. Trabalhando num banheiro fétido de restaurante de beira de estrada, provavelmente por uma miséria, quem sabe até só pela "caixinha"! Num lugar daqueles e numa hora como aquela... Só pude pensar: que triste...
Lá vai  o ônibus. Chega  ao destino, passa a  manhã,  a tarde, e lá vem o ônibus! Corre, cruza o planalto sul-matogrossense debaixo do céu belíssimo naquela linda noite.
1:00 h da madrugada. Dentro do mesmo ônibus, pouco menos de 24 horas depois:
— Pessoal, vamos dar uma paradinha aqui para esticar as pernas, ir ao banheiro, comer alguma coisa... Falô? Por favor, fechem as janelas porque vão lavar o ônibus. A gente sai em quarenta e cinco minutos.
(Já ouvi esse discurso antes!)
Desço do ônibus e... Adivinhe! É o mesmo restaurante!
Entro, vou ao caixa tirar a nota para o meu suco de laranja e vejo lá o alvará de funcionamento expedido pela prefeitura municipal de Bataguassu, MS. Tomando meu suco, lembro daquele senhor da madrugada anterior. Vou ao banheiro não pela lembrança, mas por outros motivos mais óbvios. Entro lá e, a princípio, não o revejo. Mas ao caminhar para o mictório, encontro-o. Lá está ele, rodo na mão, tentando limpar os reservados, um a um.
Pude percebê-lo com mais atenção: fraco, miúdo, encurvadíssimo e impressionantemente magro. Em pé, trabalhando (ou tentando trabalhar) em plena madrugada, num lugar como aquele e com certeza por um nada! Um trabalho até pesado, considerando o estado físico aparente de quem o fazia.
Quanto tempo  não fiquei  pensando naquilo? Por quantas vezes a imagem do velhinho não me voltou nos últimos quinze minutos que passei ali?
Só deixei  aquela imagem de lado após vê-la pela última vez, na forma de um senhor sentado na guia fumando seu cigarrinho de palha, já pela janela do ônibus. Refleti que existiam inúmeras pessoas procurando trabalhar ou ganhar dinheiro de formas muito, mas muito mais tristes e feias que aquela.

Até que me perdi em outras divagações sobre a cidade de Bataguassu e tudo mais que existia e acontecia naquela noite, debaixo daquele céu fantástico, até meio esbranquiçado de tanta estrela!

19/10/2013

VINÍCIUS, MINHA ÓBVIA HOMENAGEM...

Gosto demais do poeta Vinícius; e, a despeito de tantos outros que eu gosto muito mais pela temática, dele e de Drummond eu sabia dezenas "de cor", para recitar, mesmo. Hoje, a memória falha muito. Essa "pequenininha", aí, eu sabia inteira.
E, por oportuno, sempre gostei mais do poeta-de poema-poesia do que do poeta-musicista-letrista-de poesia. Mesmo que ele seja uma das poucas salvaguardas da ridícula bossa nova.

Entre "Filhos, filhos... Melhor não tê-los" e a de baixo, escolhi: a homenagem não podia ser mais óbvia...





O OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO



Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas que lhe
Brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão.
Não sabia, por exemplo,
Que a casa de um homem é um templo,
Um templo sem religião.
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.

De fato, como podia
Um operário em construção compreender
Por que um tijolo
Valia mais que um pão?
Tijolos ele empilhava, com pá,
Cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia,
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão que sofreria se
Não fosse, eventualmente,
Um operário em construção.

Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa e
A coisa faz o operário.
De forma que, certo dia,
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
¾ garrafa, prato, facão ¾
Era ele quem fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela, banco,
Enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela,
Casa, cidade, nação.
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão


Ó homens de pensamento,
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário soube
Naquele momento!
Naquela casa vazia, que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que  sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E, olhando bem para ela,
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela!

Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
que, tal sua construção,
Cresceu ali também o operário
Cresceu alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão.
Pois, além do que sabia
¾ exercer a profissão ¾
O operário adquiriu
uma nova dimensão: a dimensão da poesia.

E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.
E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não
E aprendeu a notar  coisas
As quais não dava atenção:
Notou  que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja
Era o uísque do patrão
Que seu macacão
Era o terno do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram o carro do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão.

E o operário disse: não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.
Como era de se esperar
As bocas de delação
Começaram a dizer coisas nos ouvidos do patrão.
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação
¾ Convençam-no do contrário
Disse ele sobre o operário
E, ao dizer, sorria

Dia seguinte, o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu, por destinado
Sua primeira agressão.
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas, quando foi perguntado
O operário disse não.


Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras seguiram,
Muitas outras seguirão.
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.

Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num  momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez esta declaração:
¾ Dar-te-ei todo esse poder
    E a sua satisfação
    Porque a mim me foi entregue
    E dou-o a quem quiser.
    Dou-te tempo de lazer
    Dou-te tempo de mulher
    Portanto, tudo o que vês
    Será teu se me adorares
    E, ainda mais, se abandonares
    O que te faz dizer não.
Disse, e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
O operário via as casas
E dentro via coisas, objetos, produtos, manufaturas
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse não.

¾  Loucura! ¾ gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
¾ Mentira! ¾ disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.

E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
como o medo em solidão
Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.

Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que o fizera
Em operário construído
O operário em construção.

17/10/2013

Hot hole - by Mario & Sergio

Deve ser 1994...
Escrito à quatro mãos. Eu e o Mario Giglio, irmão mesmo que não seja de sangue:


HOT HOLE

Fear in the darkness
she was pale
and I was naked
she was afraid
and I was excited
because she was nude too
and I've been alone for a long time . . .

What's the time?
Only regardless in the night
my sex open your world
to a wild way
and the minds thinking
at the first round
to fight by space . . .
The hot hole space . . .
Face to face.

And the hot hole
it's a fancy that came from the stars
we are only lost souls
wandering over the sea
trying to see
where's our space in the land
of the hot hole way.

What's the way?
running over the clouds
after the tug of dreams
I listen whispers in the air
shining shadows in my vision
and the superman says: "Goodbye",
I'm a fool guy.

While bells, sirens, atoms,
desire of vomit and other absurds
have made my head
your body was invaded by me
carrying cramps to your entrails
immobilising the perverted being
existing inside you.

Who're you?
Numberless puppet in the Universe
blackmail of my erection
hermit in your lilac castle
looking for a volcano in eruption
that so inactive, is covered by leafs.
Desist you!
Prop your ear in a gramophone
and hear the clean creaking noise
Don't dare to idolise.

If the old idol can't make a beauty space
you have just to share your tears
with the kidnapper of meaning
taking thoughtlessness of the risin' joker leader
that no one take care . . .
Ironical words
ironically changing the world.

What's the world?
A piece of happiness forming a statue,
unfruitful monument,
building castles in the air
stoned
drunk
waiting for the moon
that won't come back so soon.

Your finger touch the water
but you can't feel the frigid feeling
that one day left you in the lightly room
but alone
without reason to carry on,
carry on, with a little rest of hope.

Who's the hope?
It's a teeth in a toothless mouth
(like hens, so bitch, so hens)
or the life in the heaven
(all are died! The souls are here!)
Alive is a nankeen ghost
Walking maliciously in my mind
Nic, Pat and Esqualidus
and the barbecue over the granite stone
poor head, "Erectus Falus"
Big Black Cloud cacique
Playing the "rain dance".




14/10/2013

MANHÃ

Escrito na primeira metade da década de 1990. Arriscaria 1994. Mas, sei lá... Dei uma "revisitada"...

MANHÃ
Acordei, olhei no espelho e não gostei do que vi. Era o mau humor, claro, como de costume nas manhãs. Mas fiquei nesta ocasião irritadíssimo com as formas irregulares, o cabelo despenteado, o resultado horrível.
Como sempre: escovei  os dentes, lavei o rosto, olhei a incipiente barba - não, não fiz, não raspei, não cortei, não compensava, enfim -, fui para o quarto e me vesti para sair. Enquanto preparava o café, vi meu reflexo  na tampa do fogão e foi a gota d´água: observei uma faca sobre a pia; tomei- nas mãos... Sorri... E corri... para o banheiro!
Talhei o rosto com toda delicadeza: cortei fora boa parte do nariz, furei um dos olhos, decepei completamente uma das orelhas. Ainda insatisfeito, cavei um buraco no queixo, tirei uma espessa fatia do lábio inferior, tirei a ponta da língua. Ah, estava melhor!! Mas ainda não me sentia à perfeição... Peguei o barbeador elétrico e lentamente o corri pela cabeça: e cabelo desabava no chão. Abri uma trilha bem no centro e pelei toda a parte de trás. Busquei uma tesoura e comecei a cortar mechas dos lados. Não esqueci, claro, de tirar as sobrancelhas!
Olhei no espelho e sorri: bom! Parecia bem melhor. Já não era mais aquele rosto feio, desanimado e sem graça de todos os dias, aquela carinha que dava motivo para brincadeirinhas e piadinhas. Ou... Comum? Não sei. Mas, agora, era grotesco. Era medonho. Quem me encarasse, arriscaria-se ao medo. Melhor assim. Insociável, sim!
Fui ao trabalho, porém voltei mais cedo para casa. Estranhamente pensaram que eu sofrera algum acidente ou qualquer coisa parecida. "Deram-me" o dia. À noite, na faculdade, fui gentilmente retirado da sala. Depois, brutamente expulso do prédio.
Insisti em trabalhar no dia seguinte, mais uma vez me mandaram para casa. Passaram-se alguns dias até que, por fim, sem maiores explicações, fui demitido. Absurdamente, não permitiram mais que eu entrasse no campus da universidade. Arbitrariedade...
Dias passaram: comecei a passar todo o tempo em casa. Lia e relia os poucos livros que tinha, reproduzia incessantemente os mesmos discos, dormia em qualquer horário, pouco comia. Sem qualquer preocupação com qualquer coisa, fui deixando a casa à vontade; inevitavelmente, a sujeira foi tomando conta. Realmente não varria o chão, não lavava o que usava, o banheiro foi se emporcalhando, o quarto embolorando, sem iluminação ou ventilação. Deixei para lá o banho e nem mudava mais de roupa.
Semanas passaram: o  ambiente ao redor da casa foi se tornando pouco salubre. Há dias começara atrair cachorros, gatos, ratos, aranhas, baratas e quetais. Para mim, indiferença. Para a vizinhança...
Logo, chamaram um órgão qualquer zelador da saúde pública. Fui atormentado dias seguidos. Retirado do meu doce torpor e da minha reconfortante indiferença. Dias e dias seguidos, algum funcionariozinho da prefeitura batia na minha porta. 
Cansei.
Sai de casa. Andei feito vagabundo andarilho pelas ruas por alguns dias. Saí da cidade. Peguei a estrada. Finalmente, encontrei um lugar distante, deserto e calmo.
Fiz qualquer tapera para passar as noites. Na verdade, morava ali. Dormia quase todo o tempo, levantava-me apenas para raramente procurar comida, e para beber água num fio corrente das proximidades. Felizmente, já não lembrava como soava minha voz e, principalmente, de como era meu rosto (ou meu novo rosto).
Meses passaram: eu por ali, até  que  caminhando para um pouco mais distante em busca do quê de comer vi  meu  reflexo num límpido córrego. Observei um rosto normal, até... Bonito? Ah, sim... Comum... Uma cabeleira abundante até bela, apesar de suja.
Sorri. Vi todos os dentes (ah, esquecera dos dentes!!!!)
Banhei-me ali mesmo. Lavei  como pude os trapos que me cobriam, esperei que eles secassem. Uma noite a mais, depois rumei de volta para casa. Fiz uma consistente faxina. Expulsei os gatos, pus ratos para correr, assustei baratas, despachei quase todos os cachorros, cortei as ervas do minúsculo jardim, reguei as quase inexistentes plantas. Tomei outro banho, fiz a barba, lavei bem o cabelo depois, toscamente, o acertei, mesmo mantendo-o longo.
Dia seguinte, fui ao meu antigo emprego, revi o pessoal, o gerente me chamou, elogiou minha competência e pediu para que eu voltasse. 
À noite, fui para a universidade (deixaram-me entrar...), falei com os colegas, com alguns professores, prometeram auxílio para que recuperasse o que foi perdido.
Reassumi minha antiga vida. Trabalho intenso, faculdade toda noite. Eu era o mesmo...
Dias passaram, semanas passaram, meses passaram até que, numa manhã...
... Acordei, olhei no espelho e não gostei do que vi - meu velho  rosto comum no espelho. Escovei os dentes, lavei o rosto, fui para o quarto me trocar. Enquanto esquentava o leite, vi meu reflexo na tampa do fogão. Senti nojo. A primeira coisa que vi foi o liquidificador, sobre a pia. Enfiei uma mão dentro e com a outra liguei. Depois de tudo certo, peguei a faca, decepei as duas orelhas, cortei toda a língua, enchi o liquidificador, e liguei de novo. De novo...
Misturei com o leite, tomei, passei mal e voltei a dormir. 
Acordei na manhã seguinte.
Olhei no espelho do banheiro e nada tinha acontecido. 
Fui trabalhar, não perdi o emprego. 
Fui à universidade, nada demais aconteceu. 
Depois de um dia exaustivo, voltei para casa, dormi até acordar na manhã seguinte. 
Vi meu rosto no espelho e fui trabalhar...

03/10/2013

A PASSEATA

Outubro de 1991 (mês é palpite, ano é certeza), medalha de ouro no Concurso Literário interno ETELG - Crônica (só dezessete anos, perdão pela imaturidade revelada nas opiniões, na expressão e na técnica ou falta dela). Mas é que o "gigante que tinha acordado" me recordou esse texto...


Vejo  um  careca. Vejo um  maneta. Vejo  um perneta. Eu vejo muletas.
Olhe a cadeira de rodas e o louco!
Por  que  choras? É  só  um filme,  é só  um  livro. Já pensaste na realidade? Não, perdão... Não quero te machucar, nem te ofender. Mas já encaraste o que aconteceu? E tanto silêncio, e tanta omissão, em tanta vergonha, em tanto desprezo?
Tu não  te  lembras de  nada?  É  o que  penso,  porque esqueceste de um passado com histórias lúgubres, horrorosas, insuportáveis. Só faze-me crer que o mundo não mudará.
Ah, é triste sofrer  por um  passado, por não se ter um presente e perder as esperanças com o futuro. Mas não, não é por isso que me ponho a refletir.
1o de abril de 1964. O dia em que os trouxões enganaram os trouxinhas, e os trouxinhas deixaram os trouxões pintarem e bordarem. Dias dos trouxas!
Desculpe se te mostro uma verdade  tão nua,  tão  crua, tão dura, tão triste. Mas não deu p'ra calar. O que aconteceu, aconteceu. O futuro? Ele ainda está por vir. Mas o passado...
O  passado não pode  ser apagado  sem que se meçam suas consequências sobre nosso futuro.
Parece que  esse tal de Brasil  sofreu  um  enfarte.  O diagnóstico foi tardio. Não houve remédio que desse jeito. Os "doutores" tinham uma máscara de competência sobre sua incompetência. Só um repouso de pouco menos de 25 anos (ou pouco mais!) funcionou. E o enfartado esqueceu-se de tudo, pois tudo dissipou-se estranhamente, repentinamente, surdinamente. E muitos nem se deram conta de tudo o que aconteceu. Porque diante de tanta omissão (e a indiferença) do momento, houve uma repetição da omissão (e da indiferença).
Procuraram  alienar  toda uma  geração  e  as  gerações posteriores. Conseguiram?...
Quem sou eu para apagar a omissão? Quero apenas alertá-los - e alertar-me - sobre os acontecimentos de um país tropical, onde os livros de História não contam a história porque o poder não deixa, fazendo com que basbaques imortais de "Fundação", "Elevado", "Rodovia", "Avenida", "Rua" e sabe-se lá mais o quê tornem-se falsos ídolos, nos quais muitos acreditam. "O pais dos pobres"! E os generais? Esses usurpadores da verdade, da vergonha, usurpadores de vidas humanas. Canalhas que destruíram esse país com delíquios e delírios de grandeza.
Histórias tristes, tenebrosas. Histórias de tortura, histórias de morte, de desaparecimentos. E não foi apenas uma vez. Só espero não ter de conhecer pessoalmente e presentemente essas histórias.
Às vezes nos  pedem amor à  pátria. Que pátria?  Pátria sem mãe, pátria sem pai, pátria sem dono.
Sei  que  já  choraste pela  morte  do  soldadinho,  lá naquela guerra distante, que essa nossa tal "Pátria-mãe" aqui apenas assistiu. Mas talvez não choraste pelos "irmãos de pátria" que morreram, que desapareceram, que estão inválidos ou loucos, numa guerra da razão contra o ensandecimento, ocorrida no ventre dessa tal "pátria-mãe".
Sim, sei que outros (e talvez tu) calaram e não lutaram porque a voz faltara. Outros fugiram, porque a voz não fora suficiente. Outros reconheceram-se impotentes, ao mirar os grilhões nas próprias mãos. E uma mancha obscura em alguns livros de história (que não são de História) contam para todos, enevoando a razão dos sãos.
Por que será que a História cala, se molda, se curva? Por que temos que buscar a verdade como se busca uma agulha num monte de palha?
Por que tudo isso, irmão? Por que não te levantas, irmão? Lute comigo, lute consigo, lute conosco. Escrever, pichar naquele muro, uma pichação digna, pela verdade. E contra a "verdade" que tu ouves e aceita, por preguiça de lutar pela verdade. E essa luta, talvez, seja apenas um unir de forças, um unir de mãos, um unir de vozes. Lutar pela verdade e pela dignidade de um país sem honra.
E tudo por causa de uma tal passeata...

01/10/2013

EM COMPLEMENTO... (licenças totais)

Insensatez.
Ah, sentimentalidade, mentira
ah, calamidades! É, solidão...

A alegria parte e abandona a alma
resta o sonho
só tortura da consciência mais forte.

Esperança, palavra podre
significado vazio, não há o que reste
das lágrimas e do medo.

Quando alguém te deixa só
não te pareces que já te conheces?

Quando alguém premedita uma atitude
veja a canção comum e a rima pobre.

Não te apresses
o tempo é tão grande quanto o mundo
o tempo é tão óbvio quanto o homem
o tempo é o homem em círculos.

E se tu premeditas, se a solidão é
tão singela quanto o medo da morte
qual o problema do abandono
do enorme mundo em torno de ti?

Tu, quem és?
És o mundo? O tempo? O homem?
Ou tu sou eu? Talvez eu sejas tu! Talvez
eu me esqueça. Talvez desfaleça...

Mas a atrofia de minhas mãos
não impede que minha memória se agite.
O frio dos pés não enregela o coração. Eu entrego então

o sim e o não, até outra hora, até o dia do perdão.

NA INFELIZ ARRANCADA FASCISTA EM QUE VIVEMOS...

BERLIM - ROMA - TÓQUIO

Mão.
Marcha.
Chavão.
Alerta!

Usufruto do pseudo-direito da certeza
aquisição factual do suposto direito de beleza,
riqueza, crescer,
fisiologia, poder,

fragmentos da mesma espécie de pobreza.

24/02/2013

MORTE A TODOS OS CORINTIANOS


Última quarta, notícia fartamente divulgada e comentada, morreu o menino Kevin na Bolívia durante uma partida de futebol. Episódio lamentável, triste. Porém, não inédito. Em tempos de campeonatos de futebol rolando - indo propositalmente para o lado do exagero - não passa um mês sem que morra um torcedor de futebol no Brasil por conta do comportamento e do confronto de torcidas. Muitos episódios restam clara e evidentemente relacionados com as tais “torcidas organizadas”; de tantos outros nem se suspeita ou não são tratados assim na cobertura de imprensa.  E justamente o não-ineditismo do caso revela o triste mundo em que vivemos. E, das reflexões que podem ser feitas a partir do acontecido e da onda de informações gerada, duas me saltam aos olhos:

Primeiro: o  acontecimento em Oruro, na Bolívia, foi claramente acidental. Fica evidente ao se observar o vídeo que começou a circular no final da tarde de quinta-feira, gravação de TV boliviana (programa “Zona Deportiva”). 

Não digo isso para minimizar a gravidade, para circunstancializar, diminuir ou  buscar uma justificativa pelo acontecido. Ao contrário! Porque, afinal de contas, como é que pode um jovem, menor de idade (facilmente identificado no vídeo já citado, dispensáveis as ironias e o tom de dúvida por conta da menor idade) faz uma viagem de ônibus, por 3 dias, para assistir um jogo; entra num estádio de futebol, de posse de tal artefato, que, por sinal, simplesmente, NÃO DEVERIA SER COMERCIALIZADO (não deveria, mesmo que seja legalizado) e, não bastasse tudo isso, resolve fazer uso do mesmo. Mostrou, primeiro, que mal sabia o que era aquilo e, segundo, não fazia ideia de como funcionava.
Quais valores este menino de 17 anos já tem consolidados em sua personalidade? Seriam tais valores exclusividade dele?
Demonstração do mundo do vale-tudo. Do mundo onde, mais que acompanhar um time de futebol, o espírito de grupo incita os piores comportamentos e leva à tamanha inconsequência. Do mundo onde grassa a ignorância e a indiferença pela aprendizagem que, quando misturada com a prepotência de saber tudo, transforma-se numa fórmula extremamente perigosa - senão mortal.
Para finalizar este primeiro aspecto, é triste que todos nós tenhamos que admitir e concordar com o fato de que apenas as amplas e pesadas punições (ao jovem, à “torcida organizada” e aos dois clubes) pode remota e dificilmente diminuir a ocorrência de tragédias como essa. Antes vivêssemos num mundo de outros valores, onde este comportamento em si fosse absoluta exceção - e não completa regra. Ridículo, triste, próximo à barbárie em todos os momentos - além de tudo, triste e trágico, neste caso.

Segundo: a prevalência do ódio. Há tempos já refleti sobre o quão triste e até asqueroso pode ser o futebol, esporte tão maravilhoso e de prática deliciosa (http://soexperimentos.blogspot.com.br/2011/07/do-futebol-para-vida.html)
De quarta-feira para hoje, este quase asco da publicação mencionada se acentuou. Li e vi de colegas, de amigos, de adolescentes imaturos, de idiotas sentados à frente de um computador, de amigos, de adultos conscientes, de indivíduos extremamente bem formados e informados (bem informados não pela mídia corrupta e sem vergonha que vende opinião), de pessoas evidentemente capazes de reflexões um pouco mais profundas e sérias, das mais variadas formas, ironias, suspeitas, dúvidas, piadinhas e sentenças que destilam pura e irracionalmente ódio contra um time de futebol. Apenas por coincidência, neste caso (e  esta última menção é inútil para todos os que querem enxergar o clubismo em tudo, àqueles que continuam defendendo com unhas e dentes os seus “partidos de futebol”, de alguns que tem tanta capacidade de enxergar verdades que pouco quer se mostrar mas que se perdem nesta armadilha quando o assunto é futebol - bom, menos mal que seja assim!), este é o time para o qual digo torcer. 
Em outras ocasiões, em comentários feitos às notícias originadas por outros assuntos, a minha sensação talvez fosse de indignação. Não é o caso.  O que sinto é tristeza. E pena em saber que o caminho é o de cada vez mais se afastar do futebol. Ainda resisto. Ainda assisto. Ainda torço. Mas cada vez menos sei  porquê. Afinal, desta vez o Corinthians é o alvo. Insanamente, inconsequentemente, os vídeos, frases, comentários de notícias e publicações têm um tom que coloca todo corintiano como um assassino. Como se todos os cidadãos, crianças, adolescentes, adultos ou idosos que já morreram em conflitos ridículos originados pelo futebol tivessem morrido pelas mãos daqueles que torcem pelo Corinthians.
É uma postura extremamente infeliz. Circunscreve os comportamentos humanos, ou, melhor, muitos dos péssimos comportamentos humanos, àqueles que torcem pelo Corinthians. Não querem enxergar os fatos. Querem deixar claro o quanto odeiam os corintianos, no modo mais genérico. E, neste caso, não adianta individualizar o amigo, o primo, o vizinho, o colega de trabalho, o tio, o irmão, etc., como "bons corintianos". Isso não vai nos tirar da miséria de comportamento donde estamos, não vai nos tirar esta corrida incessante pela volta à barbárie. Apenas obscurece as verdadeiras mazelas da sociedade humana. Fosse tão simples, para resolver alguns dos problemas do mundo, bastaria decretar morte a todos os corintianos. Acontece que isso é apenas a revelação de tamanho ódio - então, mais um problema a resolver.

(P.S: mais piadinhas e ironias sobre o título e a última frase serão desconsideradas e sumariamente excluídas).

25/01/2013

NA MUDANÇA... ESSA DATA DE 2003

Impressões recolhidas (retraídas),
não escolhidas pela ausência de
opções.

Mudança de comportamento,
mudança no comportamento.
Secção. compartimentos,
divisões, tormentos...

Imaturidade gerando falsa fleugma
serenidade "mis-en-scène" de quem
vive esperando pequenos milagres,
ligeiras fortunas precedindo
e precedendo
decepções.

Por melhor que sejam as intenções,
para maior conforto da
dignidade,
que diferença faz?
Rapidamente tudo fica pra trás,
ignora-se,
despreza-se,
olho no umbigo ou
olhos semicerrados.

Assim caminha a Unidade Escolar!