De Alberto Caieiro, "em Pessoa":

"Pensar incomoda como andar na chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais"

21/02/2014

Muito nova... De ontem.

Se já esqueceram dos
dias que fomos felizes, 
reafirmo o quão
fértil 
é a eternidade, 
na denotativa e 
cotidiana promessa 
lavrada num céu protocolar,
lavada em feéricos raios
senão do Sol,
ao menos de quem queira
não deixar esfriar a 
tranquila
certeza de que,
apesar de manchada,
apesar de assustada,
apesar de pasmada,
apesar de violada,
apesar de massacrada,
apesar de ignorada,
a condição humana é -
humanamente - 
sagrada.

15/02/2014

Quando a vítima auxilia o algoz;

Ofereço a modesta reverência
e o lenço branco
a quem quer me contrapor,
ainda 
sendo o mesmo que sou.

Porém, ignorante; 
de quem convenceram
inimigo de si mesmo.
Aliado pontual 
que se mantém como os outros, 
como ele,
os que se quer explorar, 
tornando-se 
dos que se querem explorados.

São os oprimidos
que ajudam a oprimir,
como tola vítima que,
com unhas, dentes, voz e punhos,
auxilia os algozes.

Meu gesto é em vão,
fortuito, filosófico e suspirante,
também
melancólico e decepcionado...
Mas, relembrem:
sempre aos meus iguais, 
inocentes iludidos,
jamais ao que eles produzem.

12/02/2014

Ainda sobre clamar ou calar...

Apenas contemplo
os que escutam tanto mas
nada ouvem;
os pensadores incansáveis que
não refletem;
quem multiplica a visão, porém
pouco enxerga;
os trabalhadores exaustivos que
pouco produzem,
e os intensos apaixonados
incapazes de qualquer amor.

Pior os que vomitam saber sem
qualquer sabedoria.

E eu...
Arriscando-me a tanto falar, sem
nada dizer.

08/02/2014

A angústia da incompreensão.

Correr a caneta, ou
que seja o lápis,
ainda a língua ou
talvez as mãos.
Sai o que se espera, mas
entende-se o que quiser - e
não há queixa, apenas o marco
definido da incoerência ou 
incompetência de quem a que
se destina.

Subjetivos...

Confuso.
Melhor quem queira calar
(será?)
ou dedicar, 
na fogueira, no altar
a primeira frase,
a paráfrase
que não sabe perdoar.

Amanhã, 
apenas outra jornada
de inapetência, vitimada
de incompreensão, dotada
e constantemente em luta, 
porém - irritantemente -
aparentemente vã.